Apesar de defender o cinema e as adaptações, não sou muito a favor de um filme d'A História do Ladrão de Corpos. Acredito que para realmente dar certo, seria necessária uma releitura das crônicas, começando pelo Vampiro Lestat.

A autobiografia do loiro é um ponto importantíssimo, que "daria sequência" ao Entrevista Com o Vampiro. Porém completamente repaginado. Em meus humildes sonhos, imagino que o ideal seria formar um time de atores que fariam, no mínimo, três ou quatro filmes das crônicas, em sequência. Prioridade para a caracterização dos personagens. Afinal, todos nós, que lemos os livros, sabemos que os personagens e o desenvolvimento deles é um ponto muito mais forte nos livros que as próprias histórias... Para um novo filme das crônicas funcionar, é necessária a criação de um novo herói. Lestat não é para qualquer um. Não é uma simples peruca loira e quilos de maquiagem. Conseguir a essência do personagem exigirá muito de qualquer ator que o assuma. Outro ponto importantíssimo seria evitar ao máximo a exclusão de personagens ou adaptação forçada dos mesmos. Reduzir algumas cenas e cortar outras é natural, mas PERSONAGENS não!

Tenho um puta receio de que transformem esse suposto longa do Ladrão de Corpos em uma aventura cômica excessivamente romantizada envolvendo vampiros. Seria uma grande decepção um filme das crônicas feito única e exclusivamente para faturar uma grana. Anne escreveu arte, e o que veríamos nas telas, deveria ser arte também... Como o querido Neil Jordan tratou de fazer. Inclusive, toda vez que reassisto o Entrevista percebo a utilização de elementos que são referências dos outros livros... (Isso vai desde aquele teatro acontecendo ao mesmo tempo em que Lestat e Louis matam uma prostitua até a dramática cena do corte de cabelo da Claudia. Também a vejo na música dos créditos, na energia presente em Lestat e no que acontece ao Daniel... Não é nada por acaso.)

O "problema" do público que não saberá exatamente do que estão falando é algo que teria de ser tratado no roteiro. Isso pode ser mais facilmente resolvido fazendo o uso de referências do filme anterior e também dos livros. Ou então desvinculando o máximo possível das histórias, tratando o "retorno" do Vampiro Lestat de uma forma mais mansa, como um conto aleatório. Ter escolhido justamente O Ladrão de Corpos para marcar o retorno de Lestat me soa como uma falta de coragem de fazer o que deve ser feito, ou quase uma experiência, um teste para saber como o público reage. De qualquer modo espero que sejam apenas boatos, apenas conversas e que, se tiver que sair, que seja assinado por mãos habilidosas de artistas que tenham amor pelos personagens, que verdadeiramente gostem da história e, principalmente, POSSAM gravá-las! E, também, não visem apenas o dinheiro que seus filmes poderão ou não trazer.